24 outubro 2013
Memória do Douro em exposição no Museu de Lamego
Duas exposições de fotografia são o ponto de partida de um
projeto de maior envergadura que o Museu de Lamego pretende levar a efeito nos
próximos anos. “Caminhos do Ferro e da Prata” e “Uma viagem no tempo”, patentes
desde o dia 12 de outubro, são assim a primeira expressão pública do projeto de
identificação e inventário de espólios fotográficos familiares do Douro,
“tesouros inestimáveis”, como lhes chamou o comissário da exposição, José
Pessoa, que nesta primeira iniciativa contou com a “memória” da família
Mascaranhas Gaivão.
Foram cerca de uma centena as pessoas que acederam ao
convite e marcaram presença na inauguração das duas exposições, onde está bem
patente o lado afetivo e familiar das imagens, próprio de quem há anos guarda a
lembrança de antepassados, mas também a memória das grandes construções, dos
costumes, das gentes, das embarcações, das alfaias, do traje, dos adereços, da
paisagem, que moldaram a sociedade ao longo dos tempos.
Aliás, como assinalou o diretor do Museu de Lamego, Luís
Sebastian, este é um projeto com um potencial enorme, já que, acrescentou José
Pessoa, permite “manter vivo o ADN de uma cultura” que, depois de identificado,
inventariado e estudado se transforma em património.
É exatamente uma visita a este património que o Museu de
Lamego propõe até abril de 2014, através de uma viagem pela Linha do Douro e
Minho e pela história de 100 anos de retrato fotográfico.
Caminhos do Ferro e da Prata” é, antes de mais, uma
exposição que reflete a inegável importância histórica da construção da
via-férrea do Douro e Minho, mas também um tributo a todos os trabalhadores
desta obra que, embora considerada épica, terminou sem vítimas.
Reunidas num álbum originalmente concebido para a
apresentação pública da obra, as imagens foram-se conservando na família
Mascarenhas Gaivão, passando de geração em geração, herdado do bisavô,
Francisco Perfeito de Magalhães Meneses Vilas-Boas, engenheiro dos
caminhos-de-ferro à data das imagens, 1887.
De elevada qualidade técnica e artística, as 65 imagens de
finais do séc. XIX em exposição são, na sua grande maioria, em fototipia,
assinadas por Emilio Biel, Antiga Casa Fritz. As fotografias terão sido produzidas
no inverno de 1887, ano de conclusão da Linha do Douro, altura em que terá tido
lugar uma viagem, onde o fotógrafo solicitaria a paragem da locomotiva, sempre
que pretendesse registar uma imagem.
Algumas das imagens refletem precisamente esse lado da
encenação, em que conhecidos e desconhecidos foram advertidos de que não se
poderiam mover durante um determinado espaço de tempo.
Este tempo de pose seria também determinante para a execução
de retratos, que o Museu de Lamego apresenta na segunda exposição “Uma viagem
no tempo, do outro lado do espelho – 100 anos de retrato fotográfico – 1847
-1947”, numa mostra que reúne cerca de 200 fotógrafos e casas fotográficas,
entre os quais Carlos Relvas, Camacho, Henrique Nunes, M. Fritz, Bobone,
Fonseca, Emilio Biel, Nadar, Disderi, J. Laurent, Reutlinger, e onde é possível
viajar através dos tempos e de sucessivas gerações da família Mascarenhas
Gaivão.
Na cerimónia de inauguração das duas mostras estiveram
presentes o Diretor do Museu de Lamego, Luís Sebastian, o comissário da
exposição e fotógrafo do Museu de Lamego, José Pessoa, a vereadora da Cultura
da Câmara Municipal de Lamego, Marina Vale, Manuel Mascarenhas Gaivão, em
representação da família, e Francisco Parente, pela “Ótica Parente”,
patrocinadora do evento.
Constituindo-se como a primeira fase de recolha da memória
fotográfica do Douro, este é um projeto de continuidade. As exposições trazidas
agora a público ficarão patentes até 30 de abril de 2014. A entrada é livre.
Fonte: Museu de Lamego
10 outubro 2013
Feira de S. Miguel em Foz Côa
“ Na Feira chove sempre “;
cumpriu-se e a chuva saudou-nos.
O Tablado mostrou-se,
envergonhado, longe da função de “ dar preço à amêndoa “; há muito que deixou
de exercer esta função; alguns compradores, nos seus ares de ‘ bem postos’ e
uma única sobrevivente, de Muxagata, com dois sacos abertos, ufanos, sobre o
banco, mostrando roliça amêndoa, loira e cheia. Enquanto lá estive, dei os
parabéns e um beijo à Senhora D. Beatriz, porque, discordando do baixo preço
que lhe ofereciam, resistia dizendo ‘não vendo por menos ‘ do preço que achava
minimamente justo.
É o único sector, o agrícola,
em que o comprador é que fixa os preços; talvez seja uma das razões porque está
no estado em que está. E nós, não podemos ou não queremos fazer nada?!...A
certeza é que não temos feito nada.
A Feira estendia-se,
preguiçosa, enrolada em bátegas, pelo Largo dos Bombeiros Voluntários, Avenida
Dr. Artur Aguilar, Ruas da Corredoura, Mercado, Conde de Pinhel, Padre Manuel
Paiva Castilho, Misericórdia, Nossa Senhora da Veiga e Campo.
O Mercado Municipal,
restaurado na capicua 29.9.92, também Feira de S. Miguel, apresentava
apelativos produtos que uns queriam vender e outros comprar; ali, como no
geral, chegando ou não a acordo.
Despedimo-nos desta; até 8 de
Maio 2014; outro S. Miguel.