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27 julho 2011

Portugal perdeu 42% dos passageiros ferroviários em dez anos




O investigador da Universidade do Algarve Manuel Margarido Tão considerou hoje que a redução de passageiros no transporte ferroviário em Portugal "não tem paralelo na Europa", lembrando que "até redes como a da Grécia apresentam aumento de passageiros".

O especialista da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, que falava durante uma audição pública parlamentar promovida pelo Partido Ecologista ''Os Verdes'' (PEV) sobre o setor ferroviário, criticou a falta de investimento no transporte ferroviário em Portugal e apresentou alguns dados que mostram que, entre 1989 e 2009, o transporte de passageiros baixou 42 por cento em Portugal.

Para comparar o investimento nos últimos anos em Portugal na construção de autoestradas, em detrimento do investimento no setor ferroviário, Manuel Margarido Tão indicou que a densidade da rede ferroviária a nível nacional é de 31 metros de linha por quilómetro quadrado(Km2), um valor abaixo da média europeia, que se situa nos 47 metros de linha/Km2.

Contudo, na densidade da rede de autoestradas, Portugal está bem acima da média da UE, com 176 metros de autoestrada por cada 1.000 habitantes, contra 138 metros/1.000 habitantes na UE.

O especialista apontou ainda o desinvestimento no setor ferroviário como fator de aumento da dependência energética e de agravamento dos custos externos no setor dos transportes, lembrou que o plano ferroviário vigente data de 1927 e defendeu a urgência de um plano ferroviário para o país.

“O setor rodoviário é imparável quanto a emissões de CO2, o mesmo acontecendo com os gases de efeito de estufa. Quando isto for taxado, vamos ter um problema complicado. Vai aumentar o custo das importações”, deixando a economia em Portugal em desvantagem, defendeu.

Na apresentação que fez durante a sessão, o especialista defendeu igualmente a criação de “um novo paradigma de mobilidade para as pessoas, num espaço nacional, mas de fronteiras abertas, fazendo do transporte ferroviário o fator primordial de integração de mercados”, aliviando a dependência energética do país. “Vamos fazer uma inversão apenas numa situação de rotura”, estimou.

Neste plano ferroviário urgente para Portugal, o especialista insistiu na necessidade do conceito de rede, defendendo que não basta acrescentar troços ou linhas, sendo necessário integrar “trajetos de natureza distinta, mas que trabalham em sinergia”.

Este plano deveria ter, de acordo com as diretrizes expostas pelo especialista da Universidade do Algarve, linhas ou troços vocacionados para a integração nacional (ligando as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e os sistemas urbanos do Algarve, Baixo Mondego e Minho entre si) e apontando como ação prioritária a ligação de Viseu à linha convencional.

De acordo com Manuel Margarido Tão, numa segunda linha este plano teria linhas ou troços de linha vocacionados para a integração regional, dando como exemplo os “restos de sistemas de via métrica em serviço – Aveiro/Águeda/Albergaria/Espinho – ou com tráfego suspenso (Régua/Vila Real) que precisam de ser modernizados.

Esta rede integrada do sistema ferroviário desenhada pelo especialista teria igualmente linhas ou troços de linha vocacionados para a integração transfronteiriça e ibérica, apontando o troço Pocinho/Barca de Alva, para a integração transeuropeia (Lisboa/Madrid), para garantir a valência coletora/distribuidora à rede transeuropeia e para garantir “hinterland” portuário Atlântico.




Fonte: Agência Lusa, 26 de Julho de 2011


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