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26 janeiro 2011

ARTESANATO (moribundo? NÃO!!!)

Esta é a “mensagem” que o Município de Foz Côa transmite no seu sítio da Internet (http://www.cm-fozcoa.pt/concelho/Paginas/artesanato.aspx).

“O artesanato, se outrora teve um papel marcante no quotidiano destas gentes hoje encontra-se quase extinto e não restam senão meras recordações da cordoaria, olaria, fiação e tecelagem. Recomenda-se uma visita ao núcleo de Etnografia no Museu da Casa Grande de Freixo de Numão.

Latoaria

Subsiste apenas em Freixo de Numão e Foz Côa.

Albardeiros

Têm-se mantido pelo atraso da mecanização agrícola.

Trabalhos de renda

Apesar da ausência de circuitos comerciais, estes lavores continuam a resistir ao tempo e ás inovações.”

Eu não encontraria melhores palavras para desmotivar qualquer pessoa a visitar a nossa cidade.

O artesanato, se outrora teve um papel marcante no quotidiano destas gentes, hoje é obrigação dos responsáveis, tudo fazerem no sentido de o incentivarem para que retome o lugar que merece (marcante e preponderante).

Pelo que me é dado saber, esta cidade contínua recheada de gente com imaginação, “saber” e “saber fazer”, faltará apenas e só, algum apoio para que lhes seja possível “pôr em marcha” as suas competências/apetências.

Por artesãos entende-se também, todas as pessoas fazedoras de produtos regionais, que sentem sempre muita dificuldade em escoar os seus artigos no mercado, motivo que os leva muitas vezes a desistir.

Eis um exemplo de como uma Câmara Municipal, de um Concelho também do interior, resolveu este assunto:

O Posto de Turismo disponibilizou um espaço onde os artesãos podem colocar os seus produtos à consignação. Os próprios funcionários do posto de Turismo ficaram responsáveis pela comercialização (dando sempre uma explicação sobre a sua elaboração) dos produtos que ali são colocados pelos diversos artesãos.

Responsabilidades do artesão:

1.Indicação do valor do seu produto

2.Reposição de stock

3.Levantamento da mercadoria (caso seja perecível), quando esta já não cumprir as condições exigíveis para ser comercializada.

4.Garantir a qualidade do produto que pretende comercializar.

Responsabilidades do Município:

1.Divulgar e apoiar o artesanato e os artesãos.

2.À semelhança do que já se faz, com as publicações municipais e de autores do concelho, disponibilizar uma área para a divulgação e comercialização do artesanato.

3.Pagar aos artesãos o valor respeitante aos produtos vendidos.

4.Garantir apoio técnico, quanto à rotulagem ou outras formalidades sanitárias exigidas por lei.

Esta forma de proceder, não acarretaria qualquer custo adicional ao Município e tornar-se-ia naturalmente um grande incentivo aos artesãos.

Este é apenas um exemplo de como se podem fazer “coisas” com poucos ou mesmo nenhuns custos.

Obviamente, que muitas outras formas haverá para que o artesanato fozcoense retome o lugar a que tem direito, diria mais, para que Foz Côa recupere um bem precioso, que lhe foi sonegado, por cegueira e incompetência – O SEU ARTESANATO.

Não aceito esta actual passividade e exijo que algo seja feito.

Para que tenhamos a noção de como o Município pode ou não influir nesta questão, aqui fica o que se pode ler no sítio da Internet (http://www.cm-meda.pt/turismo/Paginas/Artesanato.aspx) da Câmara da Meda:

“O concelho da Meda constitui, nas suas 16 freguesias, um verdadeiro painel onde se patenteia um artesanato variado e de qualidade. Entre os medenses há artistas de apreço e, como artistas que são, não repetem os seus objectos ou lavores, recriando-os em cada momento.

CESTARIA

Elegantes cestos, capachos e outros artigos que perduram durante os tempos.

MARCENARIA

Torneando colunas, decorando frisos, criando ou reparando móveis.

OLARIA

Cujos artífices nos proporcionam bonitos vasos, cântaros e outros utensílios.

SAPATARIA

Criando sapatos, botas de atanado, chinelas ou tamancos à vontade e gosto do cliente.

TECELAGEM

Numa variedade de cores e feitios são produzidos bordados, rendas, colchas de linho, de tecidos variados e mantas de vários feitios.

TRABALHOS DE ESCULTURA

Entre os medenses há artistas de apreço e, como artistas que são, não repetem os seus objectos ou lavores, recriando-os em cada momento, de que sobressaem figuras de santos, bonecos e outros.

PRODUTOS REGIONAIS

Fabrico artesanal de queijo, enchidos, azeite e azeitona de conserva.

CANTONARIA

Preciosos trabalhos de cantaria, onde tudo se torna possível, uma vez que há canteiros-artistas na Meda que do granito fazem o que querem (janelas, caixas de correio, sepulturas, varandas, etc.).

LATOARIA

Utensílios Domésticos e miniaturas, cântaros, caleiras, regadores, almotolias, e outros objectos.”

Algum Concelho do interior crescerá/sobreviverá, sem que se valorize o que de mais precioso tem?

Mãos à obra, por uma cidade mais viva, próspera e atractiva.

2 comentários:

Nem só de "Rendas $$" vive o Homem!

Ao ler as citações do site referido, tentei recordar-me de produtos/artigos que se faziam e/ou utilizavam em Foz-Côa, há algum tempo atrás. Quantos de nós não adquirimos já, em localidades (nacionais ou estrangeiras) por onde andámos, lembranças típicas dessas regiões, normalmente manufacturadas no local? Muitos com certeza.
Cada um desses produtos traduz normalmente, um modo de vida, uma cultura, os costumes e tradições do local.
Se, alguns artigos outrora manufacturados, e que garantiam o sustento de inúmeras famílias em Foz-Côa, deixaram de ter utilidade prática para o nosso dia-a-dia, devido ao chamado "progresso", também é certo que alguns exemplares desses artigos poderiam (e deveriam), ser expostos em local próprio, e porque não (?) outros para venda (ainda que, em tamanhos mais reduzidos). A rodilha, a base de vime na qual as senhoras se sentavam à porta de suas casas, para fazer os tão conhecidos trabalhos de rendas ou apanharem simplesmente ar fresco, os recipientes de abóboras para o vinho se manter fresco ao longo da “ jorna”, os cântaros de barro para a água fresca no verão, os abanos para atiçar as lareiras, as panelas de cobre para a confecção da marmelada, as tenazes para mexer e remexer as brasas (a delícia da “canalhada”), os brinquedos de alumínio e madeira, as braseiras com os seus estrados, as “chofetes” que se levavam para a escola na falta de outro aquecimento, as almotolias, os carrinhos da lameira, para não falar nos comestíveis, enchidos, bolos de amêndoa, azeite, etc.
Tudo isto faz parte da história de um povo, neste caso particular da História de Vila Nova de Foz-Côa - A NOSSA TERRA. Se nada se fizer, um dia será certamente, mais uma localidade marcada pela globalização desenfreada, onde tudo é igual a tantos outros locais.

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